sexta-feira, 3 de outubro de 2008

COISAS ESCONDIDAS

Ela quase não pensa na vida que está levando.
O vento sopra e ela vai, voando ao seu sabor.
Quanta tolice - pensa ela.

Mal sabe que aqui as coisas acontecem dessa maneira: por invenção.
Cada árvore, cada mesa e palavra... tudo é invenção para justificar a existência.
Essa sobre a qual pensamos não ter controle.
Besteira.
Ela pensa que não desejamos estar vivos e respirar.
A vida em si, a energia que nos move, já é desejo.

E ela anda porque pensa que anda, e fala para concretizar o pensamento, e chora porque ainda é criança que não sabe brincar de criar realidades.
Briga, sofre, adoece porque está cansada da brincadeira.

Fantasia? Sonho?
A coisa?
A coisa só muda de nome porque temos muitas palavras. E estas ainda são poucas.
A vida.
Tá aí uma palavra bonita que o homem criou.

Quando sonha acha que tudo não passou de um sonho.
Mas quem disse que sonho não é sonho?
Sonho é sonho porque vida é sonho.
E sonho é vida.
Isto, qualquer isto ou aquilo é real porque nós vemos... E sentimos.
Mas o que vemos é pura fantasia.
É tudo criação.
E nós também.
Somos meras criaturas criadas e criativas criadoras.
Pense bem na cobra que engole o próprio rabo...

- Vamos seus dementes, tirem seus traseiros daí.
- Vão, vão.

Deem me a última palavra, por gentileza.
Pois a senhorita ainda não entendeu os meus dizeres.

- Cale a boca e engula seu remédio, Marat.

Nenhum comentário: